🇮🇹 LE MIE ALI SPEZZATE
Una riflessione per il primo gennaio 2024
I.
Chi ha visitato la Valle dei Templi di Agrigento in questi mulini anni, avrà certamente visto ai piedi del tempio della Concordia l’enorme statua di bronzo dell’artista polacco Igor Mitoraj, rappresentante Icaro caduto in volo.
Il mito di Icaro è uno dei più belli della mitologia greca, che racchiude un insegnamento valido anche per noi.
Il padre di Icaro, Dedalo era uno dei maestri artigiani più abili della Grecia. Quando un suo dipendente, il nipote CALO stava diventando molto più bravo di lui, preso dall’invidia lo uccise. Costretto a lasciare la Grecia si rifugiò a Creta governata dal re Minosse. Il re chiese a Dedalo di inventare qualcosa per rinchiudere il Minotauro (la bestia metà uomo e metà toro). Dedalo progettò un labirinto con numerosi corridoi dal quale era impossibile uscire e con uno stratagemma riuscì a farvi entrare il Minotauro. Dopo aver ricevuto un affronto da parte di Dedalo, il re Minosse lo gettò nel labirinto con il figlio Icaro. Dedalo sapendo che era impossibile uscire dal labirinto via terra, si mise a creare delle ali con piume e cera per fuggire volando. Quando le ali furono pronte disse al figlio Icaro di non volare troppo basso perché del mare non bagnasse e appesantisse le ali, né troppo alto perché il calore del sole potesse sciogliere la cera. Appena spiccato il volo, preso dall’euforia, Icaro volò sempre più in alto finché il calore sciolse la cera e lui precipitò nel mare e morì.
II.
L’interpretazione solita che si da a questo mito è quello di non essere ambiziosi, di non volare troppo in alto perché poi si cade. Ci si dimentica che il padre ha detto al figlio anche di non volare troppo basso. E quindi non è un invito a tenere un basso profilo, a vivere una vita mediocre senza puntare in alto. Come dicevo ieri, il desiderio di Icaro di raggiungere il sole non era un sogno ma era qualcosa di impossibile. I sogni devono essere possibili, altrimenti si rivelano degli inganni, delle disillusioni. Non possiamo desiderare ciò che è impossibile, ma nemmeno volare troppo basso. Dobbiamo sognare e desiderare quello che ci è donato di poter raggiungere. Se non dobbiamo essere degli illusi come Icaro, non dobbiamo essere neppure degli ingenui come Peter Pan che segue la seconda stella a destra per raggiungere l’Isola che non c’è. Dobbiamo raggiungere l’Isola che c’è, non quella che non c’è.
Ciò che dobbiamo fare è spiccare il volo. Dedalo aveva compreso che per uscire dal labirinto che aveva costruito lui stesso, doveva spiccare il volo, non c’era altra via d’uscita.
Anche noi spesso siamo prigionieri dei nostri labirinti che ci siamo costruiti con le nostre stesse mani e passiamo tutta la vita a cercare una via d’uscita. Ma per uscire dai nostri labirinti dobbiamo guardare in alto e non ai nostri piedi, non ci sono uscite via terra dal nostro labirinto, ma solo via cielo.
III.
Proponiamoci per questo nuovo anno di spiccare il volo, per realizzare sogni possibili. La Chiesa ci propone oggi la figura di Maria Madre di Dio. Con lei noi possiamo volare, come disse il sommo poeta Dante: “Donna, se' tanto grande e tanto vali, che qual vol grazia ed a te non ricorre, sua disianza vuol volar senz'ali”.
Le nostre ali, anch’esse tenute insieme dalla cera, devono volare dove ci è concesso di volare, per non capitolare come Icaro nel fondo del mare. Non dobbiamo avere paura di volare, anche se ci saranno delle inevitabili cadute.
IV.
Per concludere.
In questi giorni, tra le mie scartoffie, ho ritrovato una poesia-preghiera che avevo scritto quando avevo 19 anni, dal titolo “Le mie ali spezzate” che ora vi leggo:
“Perché
Dopo i goffi miei voli
Per migrare lontano da te
In mondi incantati
E pieni di luci
Mi ritrovo sempre qui
Caduto in volo
Col volto basso
E le ali tarpate
E tu
Per l’ennesima volta
Curi me
E le mie ali spezzate?”
Auguro tutti voi per questo nuovo anni di non avere paura di spiccare il volo, perché anche se cadremo per l’ennesima volta, ci sarà sempre Lui che cura noi e le nostre ali spezzate.
Buon anno a tutti.
🇵🇹 AS MINHAS ASAS PARTIDAS
Uma reflexão para o dia 1 de Janeiro de 2024
I.
Quem visitou o Vale dos Templos em Agrigento nos últimos anos terá certamente visto, ao pé do Templo da Concórdia, a enorme estátua de bronze do artista polaco Igor Mitoraj, que representa Ícaro a cair em voo.
O mito de Ícaro é um dos mais belos da mitologia grega, que encerra uma lição válida também para nós.
O pai de Ícaro, Dédalo, era um dos mais hábeis artesãos da Grécia. Quando um dos seus empregados, o seu sobrinho CALO, se tornou muito melhor do que ele, ficou dominado pela inveja e matou-o. Forçado a deixar a Grécia, refugiou-se em Creta, governada pelo rei Minos. O rei pediu a Dédalo que inventasse algo para prender o Minotauro (a besta metade homem, metade touro). Dédalo concebeu um labirinto com numerosos corredores de onde era impossível escapar e, com um estratagema, conseguiu que o Minotauro entrasse nele. Depois de ter recebido um insulto de Dédalo, o rei Minos atirou-o para o labirinto com o seu filho Ícaro. Dédalo, sabendo que era impossível sair do labirinto por terra, começou a fazer asas de penas e cera para voar. Quando as asas ficaram prontas, disse ao seu filho Ícaro que não voasse demasiado baixo para que o mar não molhasse e pesasse as asas, nem demasiado alto para que o calor do sol derretesse a cera. Assim que levantou voo, tomado pela euforia, Ícaro voou cada vez mais alto, até que o calor derreteu a cera e ele caiu no mar e morreu.
II.
A interpretação habitual deste mito é a de que não se deve ser ambicioso, não se deve voar demasiado alto porque depois cai-se. Esquece-se que o pai também disse ao filho para não voar demasiado baixo. Não se trata, portanto, de um convite à discrição, a uma vida medíocre sem objectivos elevados. Como disse ontem, o desejo de Ícaro de chegar ao sol não era um sonho, era algo impossível. Os sonhos têm de ser possíveis, caso contrário revelam-se decepções, desilusões. Não podemos desejar o que é impossível, mas também não podemos voar demasiado baixo. Temos de sonhar e desejar aquilo que nos é dado alcançar. Se não queremos ser iludidos como Ícaro, também não podemos ser ingénuos como Peter Pan que segue a segunda estrela à direita para chegar à Terra do Nunca ( Ilha que não existe). Temos de chegar à ilha que existe, não àquela que não existe.
O que temos de fazer é voar. Dédalo apercebeu-se de que, para sair do labirinto que ele próprio tinha construído, tinha de voar, não havia outra saída.
Também nós somos muitas vezes prisioneiros dos nossos próprios labirintos que construímos com as nossas próprias mãos e passamos a vida inteira à procura de uma saída. Mas para sairmos dos nossos labirintos temos de olhar para cima e não para os nossos pés; não há saídas por terra do nosso labirinto, só pelo céu.
III.
Proponhamo-nos para este novo ano a levantar voo, a realizar sonhos possíveis. A Igreja propõe-nos hoje a figura de Maria Mãe de Deus. Com ela, podemos voar, como dizia o grande poeta Dante: "Mulher, tu és tão grande e tão digna, que aquele que quer a graça e não recorre a ti, o seu desejo é voar sem asas".
As nossas asas, também elas unidas por cera, devem voar onde nos é permitido voar, para não capitularmos como Ícaro no fundo do mar. Não devemos ter medo de voar, mesmo que haja quedas inevitáveis.
IV.
Para concluir.
Nestes dias, entre a minha papelada, encontrei uma oração-poema que escrevi quando tinha 19 anos, intitulada "As minhas asas partidas”, que vos leio agora:
"Porque
Depois dos meus voos desastrados
Para migrar para longe de ti
Para mundos encantados
E cheios de luzes
Encontro-me sempre aqui
Caído em pleno voo
Com o rosto abatido
E as minhas asas cortadas
E tu
Pela enésima vez
me tratas a mim
E as minhas asas partidas?”
Desejo a todos que neste novo ano não tenham medo de voar, pois mesmo que caiamos pela enésima vez, haverá sempre Aquele que cura a nós e as nossas asas partidas.
Feliz Ano Novo para todos.
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